São 38 anos que separam os títulos do pai Álvaro e da filha Rita Campos

Em 1984, o Atlético Clube da Sismaria conseguiu talvez a maior vitória da sua rica história. “Contra tudo e contra todos”, a equipa de juvenis masculinos esmagou a concorrência e sagrou-se campeã nacional.

Foi uma grande surpresa, comentada em todo o país, num trajeto em que o popular clube da Estação deixou pelo caminho vários gigantes, entre eles o temido FC Porto.

Do plantel, orientado por Francisco Zúquete, faziam parte atletas como João Marques, Belmiro Gante, Jorge Dias, Nuno Busano, Fernando Carreira e Álvaro Campos, o número 11.

Esse mesmo, que aparece na foto principal a ser beijado pelo filha Rita, ela que no passado fim de semana conquistou o título nacional de seniores femininas ao serviço do Benfica.

Sim, precisamente 38 anos depois de o pai ajudar a escrever uma das mais belas páginas do andebol de Leiria.

Os olhos brilham quando Álvaro vê a filha a jogar e, por isso, segue-a para todo o lado. “Vai a todos os jogos, sejam no Porto, em Leiria ou em Lisboa.”

Uma omnipresença “muito importante, destaca Rita Campos. “Sentir a presença dele deixa-me mais confortável.”

Na verdade, ela sempre teve o pai ao lado. Também cresceu muito próxima de bolas e resinas, acompanhando o pai no andebol de praia e, já depois de abandonar devido a uma lesão, quando este era dirigente.

“Ainda tentou o ballet”, mas com o peso do andebol na família, com tios e tias, primos e primas que jogam ou jogaram, o elo foi impossível de quebrar.

Até que um dia, a tia Isabel levou-a a um treino na Juve Lis e já não houve volta a dar. Cresceu, foi internacional, chegou a muitas finais, mas só este sábado, precisamente no pavilhão onde começou a jogar, frente a um clube que também lhe está no coração, é que conquistou o primeiro título nacional.

“Dá sempre para emocionar”, admite Álvaro Campos, feliz pelo percurso de sucesso da sua menina. A filha também está muito feliz. Por ela e pelo pai.

“É a ele que quero provar que estou a conseguir. Sempre me motivou para me tornar melhor e até nos chateávamos por causa disso”, diz Rita Campos, ciente de que o orgulho mútuo não cabe num pavilhão.

“Sinto que apesar de não ser ele a jogar é como se fosse e há uma chama que se reacende sempre que me vê em campo.” É a chama da saudade dos bons tempos que passaram a correr.

É verdade, mas ter uma filha com 20 anos a jogar no clube do coração de ambos e chegar ao título nacional, já depois de ser internacional A, isso sim, fá-lo sorrir.

Ela sabe que ele sabe: “tudo isto é para ele e pode estar descansado que não vai acabar assim tão cedo”.

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