Rúben Brígido coleciona títulos a seis fusos horários de casa

Vive a mais de seis mil quilómetros de casa e há um mundo a separar Qostanay, onde é futebolista profissional, da Caranguejeira, onde tem todos os laços familiares.

Mas Rúben Brígido não se queixa. Admite saudades da família, sobretudo isso, mas sabe que é um emigrante “privilegiado”. Saiu do conforto do lar para trabalhar, é um facto, mas tem a “felicidade” de poder fazer o que mais gosta.

Atualmente com 30 anos, o médio formado na União de Leiria, internacional português pelos escalões jovens, optou por seguir a carreira fora de portas quando tinha apenas 23.

Passou pela Roménia (FC Otelul), pelo Chipre (Ermis Aradippou, Anagennisi Deryneia e Nea Salamis) e pela Bulgária (Beroe) antes de em 2020 chegar ao Cazaquistão, na Ásia, depois de, num jogo particular, ter encantado os dirigentes do Ordabasy com a qualidade que apresenta com a bola nos pés.

E tm sido festa atrás de festa. A meio da época passada, rumou ao FC Tobol, bem a tempo de conquistar o título nacional. Esta temporada só agora começou e não podia ter começado melhor, com a vitória na Supertaça, sobre o Kairat, por 2-1. No passado fim-de-semana, na primeira jornada da liga cazaque, venceu o Aqjaik, por 1-0.

As diferenças entre Leiria e Qostanay são obviamente muitas, mas nada que após sete anos a viver no estrangeiro deixe Rúben Brígido particularmente surpreso.

“Fazemos muitas viagens, pois é um país muito grande – o nono maior do planeta – e é quase tudo feito de avião. Mas é uma vida tranquila, gosta de estar aqui. Qostanay não é uma cidade muito grande, mas nada falta. Tem bons sítios para jantar, como restaurantes italianos, ou para tomar café. Gosto de onde estou.”

O “muito organizado” FC Tobol é exemplo de que as condições são de excelência: tem dois estádios. Um de relva natural, para o verão, e outro sintético, coberto, para os longos meses de frio.

“As temperaturas negativas chegam aos 20 graus negativos e os outros principais clubes, o Kairat e o Almaty, também têm estruturas muito boas”, sublinha o futebolista que tem na língua o principal problema, contornado porque “aparece sempre alguém que arranha o inglês”.

Com contrato até Dezembro, “não tem motivos” para querer sair do Cazaquistão. “Tratam-me bem e espero continuar” sublinha.

Até porque o facto da temporada acompanhar o ano civil lhe permite passar mais algum tempo em Portugal, a “matar saudades” de tudo e todos. “Estive de novembro a janeiro em Leiria. Quando volto é com as baterias carregadas.”

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