Guilherme Mota voltou às origens, a alegria regressou e a vitória surgiu

Os amigos seguiam Guilherme Mota pelas subidas e descidas do trajeto com motosserras e aparadores de arbustos. A claque fazia barulho com as máquinas, gritava e berrava pelo seu nome, batia palmas e corria atrás dele, numa enorme manifestação de afeto.

E excetuando a queda, sem consequências de maior além das inevitáveis dores, o domingo foi mesmo perfeito para o atleta de Caldelas, na Caranguejeira.

Perfeito não só pela vitória e título de campeão nacional de cross country olímpico no escalão de sub-23, mas sobretudo pelo “carinho” que as pessoas demonstraram. “São amigos pessoais que tiveram muita paciência. Nestes últimos tempos andavam atrás de mim e até iam treinar comigo.”

Com uma organização “brutal” do Sport Clube Leiria e Marrazes, o Campeonato Nacional decorreu na pista permanente da Mata dos Marrazes e, a jogar em casa, o atleta da Caranguejeira, que ali e naquele clube começou no BTT, estava extasiado com o dia. “Sufocante” em prova, “feliz” depois de largar o selim.

“Ainda agora me sinto arrepiado com o carinho. Acredito que ninguém ficou indiferente com o que se passou nos Marrazes. Foi uma enorme festa, digna de um Campeonato Nacional”, sublinha o ciclista, de 22 anos.

Vitória na Mata dos Marrazes constitui o sexto título nacional de Guilherme Mota

Curiosamente, esta prova marcou o regresso formal ao BTT depois de quatro anos dedicados à estrada, período em que representou a Oliveirense e o FC Porto.

É que Guilherme – Gui para os amigos – sempre foi multifacetado e mostrou talento em muitas facetas, como comprova a distribuição dos seis títulos nacionais que conquistou: dois no contrarrelógio, um na prova de fundo em estrada, um em ciclocrosse e agora o segundo em cross country olímpico.

“Este é o título que me deixou mais contente. É um regresso às raízes, que faz todo o sentido. Gosto da natureza, da liberdade e as provas de cross country são mais descontraídas e posso desfrutar mais da bicicleta.” No fundo, “é mais saudável”, considera o ciclista.

Já pensa, por isso, na próxima temporada, quando subir ao escalão de elites. Está à procura de empresas que queiram fazer parte do seu projeto e quer “lutar pelas vitórias”, enfrentando os melhores dos melhores.

O estudante de Engenharia Biomédica na Universidade do Minho também está de olho numa carreira internacional. O cross country olímpico pode abrir-lhe uma expectativa olímpica nesta disciplina onde Portugal não está desde 2016, com David Rosa.

“Qual é o atleta que não sonha com os Jogos Olímpicos? O caminho será longo, mas quero contribuir para que Portugal volte a ter uma vaga. Depois, se não for para mim, que seja para outro.”

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