Corrida de Monte Real e o regresso ao mundo sonhado dos aviões

Há muito que Luís Gomes (na foto) ansiava pelo dia 10 de julho. Um dia por ano pode ir fazer o que mais gosta num local que o arrebata.

O corredor do Grupo de Atletismo da Caranguejeira era um dos muitos, entre o milhar de participantes da Corrida de Monte Real, para quem a prova tinha um cariz “mesmo” muito especial. “E por variadíssimas razões.”

Na verdade, desde o início da pandemia que deixou de levar o atletismo tão a sério. Treina menos, a disponibilidade é menor, os tempos que faz são piores, mas à prova de 10 quilómetros organizada pelo Município de Leiria não podia não faltar.

Por um lado, o percurso passou pela sua terra, a Serra do Porto do Urso, mas também lhe permitiu aceder àquele que, ao longo da meninice, foi uma espécie de parque de diversões “absolutamente interdito”: a Base Aérea n.º 5.

“Sempre exerceu um grande fascínio por quem mora ali à volta”, explica Luís Gomes. As noites ao fundo da pista, a ver os aviões a levantar e a aterrar era um dos passatempos “fantásticos” para a rapaziada da região.

“Adorava lá estar”, prossegue o 31.º classificado, em 39 minutos e 23 segundos, que sempre conviveu com alguma vaidade com os roncos poderosos dos motores e o cheiro característico do combustível. “É nosso, está à porta de casa e não há nada igual no país”, enfatiza.

O resultado da prova, esse, “é o que menos interessa”. Ainda assim, fez “questão de ir”, como vai “a tudo” o que se passa na base aérea de Monte Real. Quando ouve falar dela fica “de orelhas no ar”. “São os nossos aviões”, diz.

Bom, mas esses mesmos aviões, atuais e antigos, que o percurso permitiu visitar não mereceram toda a atenção que lhes gostaria de dar. “Já ia muito cansado. Mal olhei para eles…”

A vencedora da prova feminina, pelo contrário, garante que conseguiu apreciar como a devida atenção aqueles que cruzam os nossos céus à velocidade do som.

Joana Ferreira é da Texugueira, Bidoeira de Cima, mas representa o Recreio de Águeda. É uma figura proeminente do atletismo regional. Já participou num Mundial e num Europeu de corta-mato, e foi finalista nas Universíadas.

Apresentou-se em Monte Real num regresso após lesão e foi uma incrível quarta classificada da classificação geral e venceu a competição feminina por mais de quatro minutos.

“Foi a segunda vez que entrei na base aérea, já lá tinha ido no Dia da Defesa Nacional. Achei muito engraçado e passar ao lado dos aviões foi mesmo espetacular. Mesmo nas ruas da vila as pessoas puxavam por nós. Foi um espetáculo e é para repetir.”

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