À conquista dos castelos de Portugal com arcos e flechas que os próprios fazem

As disputas entre “índios e cowboys” sempre enfeitiçaram Marco Pereira. Ao contrário da maioria, contudo, ele torcia pelos nativos dos territórios americanos em detrimento dos “caras pálidas”.

Era miúdo, mas daí até começar a fazer arcos e flechas em casa foi “um instante”. Aproveitava as madeiras que conseguia encontrar e fazia mais e mais apetrechos, com os quais treinava insistentemente e de forma autodidata. “Enquanto os meus amigos jogavam à bola eu gostava era de tiro com arco”, recorda Marco Pereira.

Com esse equipamento artesanal que construía foi aperfeiçoando a arte. Aos 17 anos já não ligava tanto ao faroeste, mas continuava encantado por aquela atividade. Resolveu, então, comprar o primeiro material “a sério”.

Começou a competir. Pouco depois, chegavam os primeiros títulos de tiro com besta. Conquistou o direito de participar em provas internacionais, inclusive no Mundial. Na edição de 2009, de resto, o leiriense ganhou para Portugal uma medalha de bronze na prova por equipas.

Representava então a associação mais próxima de Leiria, a Zona Alta, de Torres Novas, e quando surgiu um convite da Académica de Coimbra decidiu avançar com um projeto, mas na cidade natal, alargando a oferta desportiva do concelho.

Já com o curso de treinador finalizado, fez em outubro um ano que fundou a Associação Vícios do Campo – Companhia de Arqueiros, que associou à Federação de Arqueiros e Besteiros de Portugal.

O clube treina no topo Norte do Estádio Municipal de Leiria e já tem dezena e meia de atletas federados, alguns dos quais lutam por medalhas nas competições nacionais, como Ricardo Lopes, Filipe Dias ou David Francisco.

Curiosamente, são os próprios elementos da Vícios do Campo que fazem todo o material com que competem. É algo que torna ainda mais apelativa a participação em competições tão carismáticas como o Campeonato Nacional Rota dos Castelos, onde se têm de vestir a preceito, como se tivessem voltado aos tempos de D. Afonso Henriques e estivessem a assaltar a muralha.

Já passaram pelos castelos de Porto de Mós, Torres Novas, Alcanede, Castro Marim, Lagos e Silves. O castelo de Leiria ainda não recebeu esta competição, mas Marco Pereira admite que há muita vontade da federação para que tal aconteça.

Mas este grupo é muito mais do que uma associação desportiva. Tem, também, uma forte componente cultural. Está a ver aquele pessoal que está presente nas recriações históricas com estas armas? Podem muito bem ser eles.

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